quinta-feira, 17 de abril de 2008

Piscicultura Marinha III: Engorda


Na fase de engorda os peixes entram na fase juvenil e saem adultos prontos para serem comercializados. O tempo deste processo e o peso final dos animais varia de acordo com a espécie cultivada e o mercado almejado.

Existem dois sistemas de cultivo para a fase de engorda:

Sistema extensivo

O sistema extensivo requer um menor manejo e controle da qualidade do ambiente de cultivo. Ele pode ser empregado em zonas costeiras e estuários com alta disponibilidade de produtividade natural, já que não é fornecido ração, indicado para criação de espécies onívoras/herbívoras. Apresenta um baixo custo de implantação mas também baixa produtividade (até 1 t/ha/ano) (Cerqueira, V.R., 2004).
Necessita de grande área para o cultivo (0,1 a 10ha), com estruturas de viveiros de terra ou cercos, numa densidade de estocagem de 0,1 a 1/m².

Este sistema é mais utilizado como policultivo e/ou integração.

Sistema Intensivo

O sistema intensivo é utilizado em zonas costeiras ou oceânicas, em monocultivos de alto investimento (infra-estrutura, manejo e mão-de-obra) e produtividade (até 1.000t/ha/ano) (Cerqueira, V.R., 2004).

Necessita de uma área de cultivo menor (10 a 1.000m²), podendo ser feito em viveiros de terra, tanques ou gaiolas, em densidades de 1-100 peixes/m², com bombeamento, renovação e aeração da água. São cultivadas principalmente espécies carnívoras onde uma alimentação suplementar com ração é indicada.

Esse tipo de cultivo costuma sofrer algumas represálias devido o maior índice de poluição orgânica que produz. http://ngm.nationalgeographic.com/ngm/0307/sights_n_sounds/media2.html


Uso e características básicas das principais estruturas de cultivo:
Tanques-rede

São tanques feitos de tela com flutuadores nas bordas. A micragem da tela começa pequena e aumenta a medida que o peixe cresce.


Indicados para cultivo intensivo em zonas costeiras, em áreas fechadas e rasas podem ter plataformas que auxiliam o manejo.

A limpeza das telas é importante para manter um bom fluxo de água nova para dentro do tanque.


Gaiolas


Indicadas para cultivo em áreas mais distantes da costa.


Ficam completamente submersas sendo necessário o uso de mergulhadores para o manejo.


Suportam uma alta densidade de estocagem.



Bibliografia:
- Cerqueira, V.R., Aqüicultura e Experiências Brasileiras. Cap. XV, Multitarefa editora, Florianópolis, SC, 2004.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Piscicultura Marinha II: Reprodução, Incubação e Larvicultura

Ao falar sobre as etapas de produção do cultivo de espécies de peixes marinhos, pode-se começar pelo classificação dos sistemas de cultivo a partir do seu uso da água. Existem três sistemas:

Sistema Aberto: Em regiões com abundância de água de boa qualidade, onde esta passa pelo sistema e é devolvida á natureza, não ocorrendo o reuso.

Sistema Semi-fechado: Sistema no qual a água é substituída em intervalos regulares, mas é pelo menos parcialmente recirculada.

Sistema Fechado ou de Recirculação: O sistema recircula e recondiciona a água, fazendo-a passar por uma série de tratamentos para restaurar a sua qualidade (Cerqueira, V.R., 2004).
Segundo Tucker e Jory (1991), são quatro as maneiras de se obter ovos de peixes marinhos:
- Fertilização artificial de gametas coletados de adultos selvagens maduros;
- Fertilização artificial com gametas de adultos selvagens ou cultivados, induzidos hormonalmente a ovular;
- Fertilização natural de adultos selvagens ou cultivados, manidos em cativeiro e induzidos com hormônio;
- Fertilização natural de adultos selvagens ou cultivados, mantidos em cativeiro, sem tratamento hormonal;
A indução ambiental é de grande importância para conseguir desovas naturais em laboratório, sendo que a alimentação, o local da desova e a qualidade de água são fatores essenciais e que podem variar de acordo com cada espécie (Harvey e Carolsfeld, 1993).
Já a indução hormonal é feita através da administração de compostos naturais ou sintéticos, aplicados via injeção (intra-muscular ou intra- peritonial), via oral (no alimento) ou implantação de uma cápsula ou pellet no animal.

Vale lembrar que para a indução hormonal ser bem sucedida os peixes devem estar num grau de desenvolvimento gonadal adequado, podendo-se fazer uso da técnica de canulação para verificar dos gametas.
Processo de canulação (Sanches, E.G., 2006)

A fertilização dos ovos pode ser feita de duas formas:
- Natural: Macho e fêmea são deixados dentro de tanques para desovarem e depois os ovos são retirados através de telas nas saídas de água.
- Artificial: Também chamada de extrusão, os gametas são retirados através de uma massagem abdominal e colocados em recipientes distintos. Só depois de misturar os óvulos com o sêmen é adicionado um pouco de água para ativar os espermatozóides. (Vídeo)




Na fase de incubação é importante monitar os parâmetros físico-químicos da água, mantendo o oxigênio sempre perto da saturação, e respeitando as faixas ideais para cada espécie.


A incubadora a ser usada varia de acordo com o tipo de ovo da espécie:
* Incubadoras Cilindro-cônicas: Ovos pelágicos, pequenos e livres, mas também para demersais sem a camada adesiva.
* Incubadoras de Bandeja: Ovos demersais, que por serem maiores e pesados ficam no fundo das bandejas (Cerqueira, V.R., 2004).

Etapas do desenvolvimento do Linguado (Paralichthys orbignyanus). (Cerqueira, V.R., 2005)



A maior mortalidade do processo ocorre no inicio da larvicultura, quando as larvas abrem boca, começam a se alimentar exogenamente e necessitam de um alimento de alta qualidade e em grande quantidade.

A medida que as larvas crescem, torna-se mais parecidas com a forma adulta e em alguns meses (variando de acordo com a espécies) ela se torna um juvenil ou alevino, e já pode ser mandada para a engorda.

Bibliografia:
- Cerqueira, V.R., Aqüicultura e Experiências Brasileiras. Cap. XV, Multitarefa editora, Florianópolis, SC, 2004.
- Cerqueira, V.R., Egg development of Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1839). Brasilian Archives of Biology and Technology, vol. 48, n. 3 : pp.459-465; Maio, 2005.
- Harvey, B., Carolsfeld, J. Induced breeding in tropical fish culture. Ottawa: International Development Research Centre, 1993. 144 p.
- Sanches, E.G., Boas perspectivas para o cultivo de Garoupas, Meros e Badejos no Brasil. Panorama da Aqüicultura, pg. 44-48, janeiro/fevereiro 2006.
- Tucker Jr., J.W., Jory, D. E. Marine fish culture in he Caribbean region. World Aquaculture, 22 (1): 10-27, 1991.

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Amanhã: Piscicultura Marinha III: Engorda

Como o post ficou muito externo preferi dividi-lo em dois e deixar a parte da engorda para amanhã!

Dúvidas e/ou maiores informações -> marchese_freire@hotmail.com


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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Piscicultura Marinha I - Breve Histórico e Principais Espécies Cultivadas

O mais antigo registro sobre a criação de peixes marinhos remete ao século 14 na Indonésia, onde fases juvenis de Peixe-leite (Chanos chanos) eram capturados e colocados em viveiros para crescerem. Na década de 60, o Japão iniciou a piscicultura em larga escala, através do domínio de técnicas de alimentação e manejo das espécies.
No Brasil, o cultivo de espécies marinhas se iniciou no século XVII em Pernambuco, quando os holandeses ocupavam a região, onde várias espécies eram capturadas e deixadas em viveiros para crescerem (Cerqueira, V. R., 2004).

Atualmente, as principais espécies cultivadas e/ou com grande potencial, no Brasil e no mundo são:

* Linguado (Família Paralichthyidae)
Peixe que vive junto ao fundo, tendo o corpo achatado dorso-ventralmente. Apresenta carne branca, saborosa e delicada com alto preço no mercado interno e externo, com um tamanho comercial que varia de 0,5 a 2kg.
É carnívoro, desova em águas próximas à costa e seus ovos e larvas são pelágicos.

* Robalo (Família Centropomidae)
Existem cerca de 12 espécies do gênero Centropomus, sendo 6 do Pacífico e 6 do Atlântico; no Brasil encontram-se as espécies Centropomus parallelus e Centropomus undecimalis.
Apreciados pela pesca artesanal e também pela esportiva, apresentam uma carne delicada com preço de mercado elevado, além de um bom crescimento e adaptação ao cativeiro.
Seu cultivo é praticamente inexistente com dados apenas de engorda intensiva experimental, onde, o C. undecimalis em 8 meses de cultivo atingiu cerca de 450g a 26-30ºC.

* Cóbia (Rachycentron canadum)
É um migrador de grande porte encontrado em águas tropicais e subtropicais. Alcança de 6 a 8kg no primeiro ano com uma taxa de conversão alimentar de 1,5 a 1,8:1 e um preço de mercado de US$4,6 a US$5,6.
Promete ser o grande impulsionador da piscicultura marinha brasileira.

* Garoupa (Epinephelus)
Peixe hermafrodita protoginico, habita área protegidas como estuários, recifes, mangues, etc. São predadores carnívoros de hábito sedentário e rápido crescimento. Alcança alto preço de mercado, com tamanho comercial entre 06,-1kg, sendo importantes também para a pesca esportiva e o turismo subaquático.
Amplamente cultivada nos países Asiáticos, apresenta uma importância tão grande que governos como o da Tailândia, consideram-na uma das prioridades nacionais (Sanches E.G.,2006).

* Salmão (Família Salmonidade)
Representados principalmente pelos gêneros Salmo (Salmão do Atlântico) e Oncorhynchus (Salmão do Pacífico), são peixes anádromos que permanecem de 1 a 7 anos nas zonas pelágicas do oceano e voltam para os rios, locais onde nasceram, para se reproduzirem.
Podem atingir até 14kg (essas duas espécies) mas são comercializados de 3-5kg.
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Bibliografia:
- Sanches, E.G., Boas perspectivas para o cultivo de Garoupas, Meros e Badejos no Brasil. Panorama da Aqüicultura, pg. 44-48, janeiro/fevereiro 2006.
- Cerqueira, V.R., Aqüicultura e Experiências Brasileiras, Cap. XV, Multitarefa editora, Florianópolis, SC, 2004.
- Cerqueira, V.R., Material de aula - Piscicultura Marinha AQI 5225
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Amanhã: Piscicultura Marinha II:
Larvicultura e Engorda
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Se alguém quiser maiores informações ou algum material mais detalhado é só mandar um e-mail para marchese_freire@hotmail.com.
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E não esqueçam de votar na Enquete!

sexta-feira, 11 de abril de 2008


A primeira enquete do Blog encerrou-se e foi bom para ver as principais áreas de interesse de quem busca informações aqui no site.

A pergunta foi: "Qual sua principal área de interesse na Aquicultura?" e com 17 votos houve um empate entre Piscicultura marinha e Piscicultura de água doce.
Ao longo da próxima semana vamos dar ênfase a essas duas áreas, tentando nos aprofundar um pouco mais em cada uma e passar as suas principais novidades e perspectivas.

Enquanto isso, outra enquete já está no ar, então não esqueça de votar!
Deixem também comentários com dúvidas, sugestões, etc, para melhorarmos ainda mais o Blog!!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vaga de Emprego para Eng. de Aqüicultura




A Itaipu Binacional prorrogou para 11 de abril o encerramento do prazo de inscrições do processo seletivo para ocupação imediata de 63 vagas e formação de cadastro reserva. Os cargos disponíveis são de nível superior e técnico, para admissão em Curitiba, Foz do Iguaçu e Guaíra. Os salários iniciais variam R$ 1.636.57 a R$ 4.141,40.

Para os Engenheiros de Aqüicultura o cargo a ser preenchido é de TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR JR, 1 vaga de admissão imediata e 5 vagas para cadastro de reserva, com salário inicial de R$ 3.215,87 mais benefícios. Os requesitos para concorrer ao cargo são: Graduação em Engenharia de Pesca ou Engenharia de Aqüicultura ou Zootecnia ou Medicina Veterinária ou Oceanografia e Pós-Graduação concluída em Produção Animal ou Aqüicultura e Registro no Conselho de Classe.

O edital e maiores informações estão disponíveis no site http://www.nc.ufpr.br/

A todos que farão a prova uma boa sorte, e se forem aprovados mandem notícias.