quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Projeto filma peixe a quase 8 km de profundidade

Cientistas japoneses filmaram um peixe que vive a 7,7 quilômetros de profundidade - a maior extensão onde já se encontraram espécies vivas. Até o momento, o peixe que vivia em águas mais profundas havia sido observado a sete quilômetros de profundidade.
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Conhecido como Pseudoliparis amblystomopsis, o peixe, de apenas 30 centímetros de comprimento, foi encontrado na costa japonesa do Oceano Pacífico.

A descoberta faz parte do projeto Hadeep, realizado em parceria pelas universidades de Aberdeen, na Escócia, e de Tóquio, no Japão, com o objetivo de varrer o fundo do mar em busca de criaturas que vivem em águas profundas e ampliar o conhecimento sobre a biologia no fundo dos oceanos.

Sobrevivência

Os cientistas têm trabalhado em uma área conhecida como zona hadal - a designação do fundo do mar situado a mais de 6 mil metros de profundidade, abaixo da zona abissal - explorando essas regiões profundas com sondas operadas por controle remoto e capazes de resistir às imensas pressões da água.

Os 'veículos submarinos' possuem ainda uma câmera acoplada para garantir o registro das espécies encontradas no fundo do mar.
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"Existe a questão sobre como esses animais vivem nessas profundidades", disse Monty Priede, da Universidade de Aberdeen.
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Priede cita três principais problemas para a sobrevivência em águas tão profundas:
"O primeiro é o suprimento de comida, que é bem remoto e vem de oito quilômetros acima; há também a pressão - eles têm de ter todo o tipo de modificações fisiológicas, principalmente no nível molecular. O terceiro problema é que as correntes formadas nessas profundidades são como pequenas ilhas em um grande abismo, e não sabemos se são grandes o suficiente para suportar as populações que crescem de maneira endêmica", acrescenta Priede.
O cientista afirma, no entanto, que os peixes parecem ter superado esses problemas.

Ativo

Os pesquisadores se dizem surpresos com o comportamento dos peixes em águas profundas:
"Pensamos que, pela profundidade, os peixes seriam relativamente inativos, armazenando a maior quantidade de energia possível e tudo mais, mas as imagens mostram os peixes se movendo, comendo com precisão, atacando as presas que passam pelo lado", conta Priede à BBC News.

"Ninguém jamais havia visto um peixe vivo nessas profundidades - apenas em conserva em museus e, depois que são retirados do fundo do mar, eles têm uma aparência miserável, mas esses peixes são muito bonitinhos." Priede
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O último peixe encontrado vivo na maior profundidade era o Abyssobrotula galateae, que foi retirado do fundo do mar em Porto Rico a mais de oito quilômetros, em 1970. No entanto, ao chegar na superfície, o animal já estava morto.
Alan Jamieson, da Universidade de Aberdeen, afirma que é "uma honra poder ver esses peixes".
Segundo ele, a equipe deverá encontrar ainda mais peixes durante a próxima expedição, marcada para março de 2009, que vai explorar a área entre 6 mil e 9 mil metros de profundidade.

"Ninguém nunca foi capaz de ver essas profundidades antes - acho que vamos encontrar peixes vivendo em águas muito mais profundas", conclui o pesquisador.

Portal G1